Tabu

Oficina realiza formação sobre educação menstrual

Ação pretende desmistificar os tabus que envolvem a menstruação

Carlos Queiroz -

Nem o frio e o vento foram capazes de afastar as mulheres que buscaram discutir sobre uma temática que ganha cada vez mais espaço entre as rodas de conversa dos últimos tempos, a dignidade menstrual. A primeira menstruação, como funciona o ciclo menstrual, sistema reprodutor feminino interno, anatomia externa e como ser facilitadora de ideias foram algumas das questões trabalhadas durante encontro realizado na tarde desta quinta-feira (18).

Organizada pelo Coletivo Mais Juntas, que existe desde 2019 na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a oficina de formação de facilitadores em educação menstrual reuniu cerca de 15 mulheres. O objetivo é que elas se tornem multiplicadoras e assim debatam o assunto em ambientes como escolas e a própria universidade. A ideia é que o projeto estratégico reforce o trabalho de combate à violência de gênero.

Uma das suas ações é chat online, que permite identificar sinais de que a mulher está dentro de uma relação abusiva. A iniciativa também é uma das organizações que está por trás do projeto Eu menstruo, que vem arrecadando absorventes para mulheres e meninas que vivem em situação de vulnerabilidade. E essa foi uma das motivações que gerou a oficina.

Segundo umas das organizadoras, Greici Maia, 40, o objetivo inicial era abordar a educação menstrual nas escolas e assim normalizar o assunto que, para uma grande quantidade de mulheres e meninas, ainda é um tabu. Mas então veio a ideia de utilizar o espaço para preparar outras pessoas para desenvolver ações sobre menstruação. "A ideia é que a gente crie uma rede de multiplicadores para trabalhar esse tema em escolas. E, claro, tem aquelas que vão trabalhar com Ongs ou outros locais", explica.

Assim, durante a tarde, o grupo discutiu uma série de temas que envolvem a menstruação. "O foco é que a gente consiga chegar nas meninas e trabalhar o desconhecimento do próprio corpo, que acaba reverberando em gravidez na adolescência por questões de sexualidade e toda uma questão de violência contra a mulher que está envolvida na menstruação. Isso nunca foi um assunto de escola, isso era um assunto de mãe e filha, mas deve ser falado", ressalta Greici.

Além de utilizar a perspectiva do conhecimento, a ideia ainda é desmistificar a menstruação, normalizando esse ciclo vivido mensalmente por mulheres com útero e deixar de ser visto como algo nojento. O grupo ainda ressaltou a importância de conversas sobre a sexualidade feminina com meninos, para que toda a comunidade entenda sobre o tema.

A importância do diálogo

A ação era voltada para estudantes de graduação e pós-graduação de qualquer curso, professores e servidores que atuem com extensão; não era restrita a mulheres. Uma delas foi a servidora pública, Marcela Zambrano, 32. Ela conta que fez questão de participar, pois deseja compartilhar informações corretamente com outras mulheres. "A minha vontade é de entender mais do processo, eu sempre tive informações através de médicos e realmente é um tabu. Assim queria poder ajudar outras meninas com o conhecimento que eu venha adquirir, até porque nem todo mundo tem acesso a consultas na adolescência", afirma.

Outra participante foi Simone Souza, 48. A educadora social explica que trabalha com adolescentes e por isso acredita que é pertinente aprender como abordar a menstruação em determinados locais. "Às vezes a gente não sabe como lidar com certos assunto. Antes esse trabalho de explicar ficava com as mães, mas hoje é necessário que a gente se aperfeiçoe mais para poder explicar para os jovens. Antigamente quem menstruava precisava usar toalhinha e hoje já é diferente. Então, temos que estar preparadas", pontua a educadora.

O evento ocorreu de forma presencial, mas também contou com o formato online, com a presença de mulheres de outras cidades do estado e do país. A intenção do Coletivo Mais Juntas é desenvolver outras edições da oficina. Mais informações podem ser conferidas nas redes sociais do projeto pelo Instagram: @maisjuntas.ufpel.

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